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A produção teatral quase não existiu entre os
séculos V ao XI, por falta da comprovação documental desta época. Vagamente se
tem relatos de atividades teatrais por conta das condenações de artistas que
consta nos documentos escritos pelos concílios da igreja, que abominava tal
prática nesse período, sendo perseguida e repremida até a Alta Idade Média, por
tratar de assuntos comumente ligados a libidinagem e a alegria, atos abominados
pelos religiosos. Além disso, os artistas populares (saltimbancos) oriundos de
diversas regiões carregavam consigo sua cultura religiosa e seus cultos
politeístas, altamente condenados pela igreja que precisava impor sua crença
monoteísta de um Deus onipresente-onipotente-onipresente, eliminando qualquer
resquício da antiga fé.
Mesmo sob a severa perseguição o teatro continuou a
ser praticado nas ruas ou mesmo em alguns feudos, até que a igreja decide então,
inseri-lo nas missas a partir do século XI.
A partir dai surge os gêneros teatrais arquetípicos:
· auto
- teatro inserido nos cultos religiosos com o objetivos litúrgicos para
propagação dos ensinamentos de Deus, bem como para o respeito e a manutenção da
escala hierárquica do clérigo. Ariano Suassuna e Luís Alberto de Abreu, cujo
segundo foi meu professor de dramaturgia na universidade; acompanhei
paulatinamente seus trabalhos dramatúrgicos encenados por Ednaldo Freire na
Fraternal Companhia de Artes e Malas-Artes nos teatros – Arena, Ruth Escobar e
Paulo Eiró em São Paulo.
· farsa – contrapondo
os autos esse gênero muito popular no decorrer de seu desenvolvimento
histórico, mesclou-se com o auto mantendo um tom de religiosidade ao
contrabalancear a comicidade libertina da farsa
· bobos da corte - de forte raiz popular que data da Antiguidade clássica os senhores
feudais eram entretidos pelos trovadores e menestréis comumente conhecidos como
bobos da corte.
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Da Idade Média até
a Alta Idade Média a sociedade medieval foi estamental (estruturada em estratos
sociais), sem que houvesse qualquer possibilidade de ascensão social. Altamente
rígida constituída para manter o poder de forma hierárquica e intransmutável.
Observando a história, o teatro sempre teve uma proximidade ao sagrado e o
profano, quase sendo um Arlequim - senhor de dois amos, equilibrado apenas por
uma tênue linha que pende para o lado que melhor lhe convier. Devido às
restrições dessa época o espaço físico teatral desenvolveu o conceito de palco
simultâneo ou cenas paralelas
pelo fato do teatro ter sido tirado de dentro da igreja, começaram no
altar-mor e deslocaram-se até a praça principal, por conta dos constantes e desconfiados olhares que sempre questionavam a
real função do teatro. Como arte altamente adaptável o teatro criou três
grandes palcos que representavam o céu, a terra ou o paraíso e o
inferno, montados nas praças,
preferencialmente próximo as catedrais. Esse gênero utilizou-se da processionalidade,
ampliando o espaço de encenação ao envolver todo o entorno, deslocando-se pelo
espaço geográfico das cidades, vilas, vilarejos, etc. Sem
sombra de dúvida, o teatro medieval contribuiu muito para o enriquecimento dos
principais elementos das artes cênicas. A valorização dos detalhes deu uma
importância maior: a iluminação, feita com velas e candelabros, passou a ser
encarada como parte da concepção do cenário e o figurino ficou mais em
evidência. Na plateia, foram erguidos camarotes, e camarins para os atores, com
maquilagem, que substituiu as máscaras na personificação dos personagens. Mesmo
com toda essa evolução, somente depois de um longo período,
surgiu o teatro como o conhecemos hoje.
BIBLIOGRAFIA
BERTHOLD, Margot. História Mundial do Teatro;
tradução J. Guinsburg, Clóvis Garcia, et
alii. 1ª Ed. São Paulo, Perspectiva, 2001.
GASSNER, John. Mestres do Teatro I; tradução
e organização de Alberto Guzik e J. Guinsburg, 3ª Ed. São Paulo, Perspectiva,
1997.
PAVIS, Patrice. Dicionário de Teatro;
tradução para a língua portuguesa sob a direção de J. Guinsburg e Maria Lúcia
Pereira. São Paulo, Perspectiva, 1999.
TOZZI, Devanil, et alii. Teatro e Dança:repertórios para a
educação – linha do tempo, v.1. São Paulo, FDE, 2010.
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