terça-feira, 26 de junho de 2012

RIO +20 Situando experiências - V Congresso Ibero-Americano de Educação Ambiental: ecos de Joinville

Minha ida a esse congresso se deu por conta da possibilidade de trocar experiências com os participantes de uma oficina de teatro ecológico que aconteceu no encontro, uma vez que minha monografia “Teatro e Educação Ambiental: expectativas renovadoras” para obtenção da Licenciatura em Artes Cênicas pela ECA-USP, tratava sobre essa questão.
Relatos de minhas anotações entre os dias 05 e 08 de Abril  - 2006

Depois de 35 anos de Estocolmo não estamos pensando na crise ambiental, o planeta continua sofrendo alterações climáticas e aquecendo gradativamente, continuamos contaminando os lençóis freáticos, continuamos a devastar nossas florestas.
Um dos principais objetivos do V Congresso Ibero-Americano de Educação Ambiental foi o de contribuir para que se intensifique o fortalecimento das políticas públicas de EA de forma emancipatória, além de renovar a “chama” da EA para Rever, Revisar e Reafirmar o “Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global”, que foi assinado em um evento paralelo a Eco92 no Rio de Janeiro.
“A educação está passando por uma crise, pois os professores não assumem um lado intelectual, que é necessário para o desenvolvimento pedagógico”.
Por vezes nos sentimos impotentes, mas a educação pode contribuir com a mudança dos hábitos seculares; educação é pesquisa, educação é consciência coletiva. Devemos reconstruir um sistema realmente preocupado com a educação. A EA pouco ocupa o espaço escolar, é necessária uma maior articulação e todas as esferas da sociedade e do governo, e que se haja uma preocupação com uma política-pedagógica que forme gestores, professores e educadores.
 Deve haver coletivos educadores reunindo os diversos atores e atrizes no processo de EA, a fim de se criar uma outra visão de justiça socioambiental.
Devemos trabalhar para mudar a idéia de que a EA tem que ser feita só para crianças, a fim de se preservar o mundo para as futuras gerações. Para isso é importante que seja feito também um trabalho com as pessoas mais velhas da atual geração, caso contrário, o fato será sempre protelado com a desculpa de que as novas gerações é que precisam apreender a preservar o meio ambiente.
Deve-se olhar para cada especificidade com o intuito de se trabalhar com a realidade real e não a reportada, sendo que a última, tem a intenção de amenizar a magnitude dos problemas.
É necessário que haja a participação da sociedade para orientar a política ambiental, exemplos como o SISMUMA - Sistema Municipal de Meio Ambiente e o Plano Diretor, que, mesmo com uma atuação inicial da sociedade, vai-se aos poucos esmaecendo e perdendo a legitimidade durante o decorrer desse processo participativo. Por isso precisamos nos envolver durante todo o processo, acompanhado passo à passo cada etapa até a conclusão dos mesmos.
Nos últimos 50 anos houve uma perda muito grande da Biodiversidade, nos meados do ano 2000 desapareceram de 3.000 a 5.000 espécies. É necessário reduzir a quantidade de material e energia utilizada. “Devemos nos unir à propósitos maiores que nós mesmos, se alguém acha que vai impedir a degradação ambiental sozinho, está enganado”. (Marina Silva Ministra do Meio Ambiente)
Às vezes nos sentimos invadidos quando outras pessoas fazem trabalhos de EA semelhantes aos nossos, esquecendo-nos que procuramos educar as pessoas, e quando esse resultado aparece de alguma forma, quer seja pelo fator multiplicador produzido por nós mesmos, ou por uma simples coincidência de procedimentos de ações, ficamos chateados com essas pessoas que lutam pela mesma causa, ao invés de trocar e compartilhar experiências.
“Em nosso caminho de lutas somos constantemente confrontados, quando não somos confrontados temos que desconfiar, deve haver um questionamento sobre tudo”. (Marina Silva Ministra do Meio Ambiente)
Devemos contagiar cada vez mais os formadores de opinião. A maior verdade do JN – Jornal Nacional são os reclames, pois são quem assumem que estão pagando pelo horário. O MST invadiu um laboratório que investe em pesquisa para a monocultura, a mídia combateu os “vândalos” do MST e os latifundiários, quando serão combatidos? Não quero aqui incentivar qualquer tipo de ação violenta, pretendo apenas pontuar a necessidade de uma mídia que identifique os diferentes pontos de vista e não uma mídia direcionada que defende os interesses das minorias privilegiadas, 1% da população brasileira detém 50% das terras. Sabemos também que há diferentes níveis na esfera social, e que é impossível todos estarem no mesmo patamar, mas que ao menos as condições básicas de uma vida digna sejam acessíveis a todos.
Ao falarmos de Ibero-América temos que falar sobre tudo de uma América Latina de contrastes.
O que era a Europa até o século XV? Eram grandes viajantes do oriente, a Grécia era Ásia, Alexandria-Egito, a Europa se apropria da história e conta como se fosse sua. A Europa não era nada, e porque tem essa centralidade que tem hoje? Por conta do descobrimento das Américas, se não fossem as Américas a Europa não teria a centralidade que tem hoje.
Muito dos conhecimentos científicos foi levado dos Maias, Incas, Astecas, entre outros povos Pré-Colombianos. Modernizar é sinônimo de colonizar? Esse pensamento que nos deformou foi herdado da Europa.
A grande minoria dos mais ricos do mundo consumem 80% dos recursos do planeta, 53% da população mundial é rural, 47% da população mundial é urbana, desses 70% (África, Ásia e América Latina) vivem em regiões suburbanas, dos 47%, 30% vivem na cidade prometida.
Temos que tomar cuidado com a privatização da água, sem querer, estamos proliferando a idéia de mercantilização desse bem tão precioso e que nos pertence.
O tempo é nossa maior riqueza: “-Quanto mais lento mais adquirimos riqueza; tempo pra conversar com as pessoas, diferente do ‘ time is money’, onde só se tem o tempo de acesso a riqueza quem tem dinheiro.” (Carlos Walter Porto Gonçalves – Universidade Federal Fluminense)
Os bens naturais são nossas maiores riquezas, a água é riqueza, Midas com sede tocou a água, ela virou ouro, nenhuma riqueza mata a sede, ou a fome. Essa é uma visão eurocêntrica que separa o homem da natureza.
A globalização neoliberal é injusta e insustentável, pois é exclusiva. Só a solidariedade pode remediar esta situação, devemos viver pelos outros, buscando uma sustentabilidade ambiental com a intenção de distribuição da equidade social, educando para a solidariedade.
“A ética pós-moderna indica a Preservação e a Precaução, ao invés de Progresso e Desenvolvimento”. (Marcos Sorrentino – Diretor de Educação Ambiental – DE/MMA)
Crescimento das cidades sem uma visão de futuro, sem planejamento e projetos de soluções. Os valores humanos e os direitos civis estão sendo deixados de lado pelos governantes. Cada vez mais o investimento na área bélica tem aumentado. E a saúde? E a educação? Devemos transformar o mundo com amor.
“Tempos de crise são tempos para se refletir sobre mudanças”. (Carlos Razo - México)
Após a politização do meio ambiente e o auge da ECO 92: O mercado prevalece, o protocolo de Quioto não avança, os recursos de financiamento da Agenda 21 diminuíram. Um outro mundo é possível: Contestação ao Neoliberalismo e uma nova utopia.
Uma pergunta incomoda: Sustentabilidade?
- Do quê? Pra quê? Quando? Onde? Por quê? Por quanto tempo?
Sendo que a ciência reducionista trata esses fenômenos de maneira fragmentada abstraindo-se das relações sociais, há também uma pilhagem dos conhecimentos, dizem que os conhecimentos locais, indígenas, entre outros não servem pra nada. Será?
V IBEROEA EM NÚMEROS
-CREDENCIADOS: 4.300 PESSOAS (300 estrangeiros e 4.000 brasileiros0
-22 PAÍSES
-60 CONFERENCISTAS
-80 ATIVIDADES
-1.502 PÔSTERES E 190 APRESENTAÇÕES ORAIS
-32 OFICINAS
-31 MINI-CURSOS
-27 GRUPOS DE TRABALHO
-3 CONFERÊNCIAS
-12 MESAS-REDONDAS
-13 LIVROS E 1 REVISTA LANÇADOS
-13 APRESENTAÇÕES CULTURAIS
-LANÇAMENTO DA www.canal-ea.net com 1.500 internetspectadores em 20 horas de programação
 Estavam presentes no V IBEROEA:
-Sheila Ceccon, coordenadora do Programa de Educação Ambiental Fruto da Terra, da Secretaria de Educação de Atibaia.
-Gislene e Michele, ambas de Atibaia, estudantes da Universidade São Francisco, onde participam de uma pesquisa sobre educação ambiental que é realizada em um sítio de Nazaré Paulista.
-Gislaine do IPE, também de Atibaia.
-Robert Rodrigues, diretor adjunto do COMDEMA, conselheiro de meio ambiente do COMTUR, arte-educador ambiental, educador mediador da Oficina de Cidadania – OPJ – Região 7.

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