terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

A SOCIEDADE DO ESPETÁCULO: uma crítica aos espetáculos alienadores


Esse artigo busca respostas para uma inquietação relacionada a formação de público de teatro, não só aqui na cidade de Ilhéus, como também em outros palcos da vida, procurando desvendar qual o “sucesso de bilheteria” dos artistas das novelas em contraponto com o fracasso de bilheteria dos espetáculos de artistas locais ou regionais que retratam muitas questões sociais ligadas diretamente ao cotidiano.

“A sociedade que repousa sobre a indústria moderna não é fortuitamente ou superficialmente espetacular, ela é fundamentalmente espetaculista. No espetáculo da imagem da economia reinante, o fim não é nada, o desenvolvimento é tudo. O espetáculo não quer chegar a outra coisa senão a si mesmo.”  DEBORDY, 2003, p.12

Sabendo-se da grande influência da TV com seus espetáculos imagéticos corrompem o imaginario da sociedade ao arrebatar o estado de sã conciência de cada invíduo, furtando-lhes os sonhos e a vontade própria, o real sentido da vida em detrenimento de uma interpretação ilusória e passiva, promovida pelos veículos de comunicação de massa, que produzem uma “mercadoria” de facil acesso com conteúdos alienantes que nada acrescentam a vida das pessoas, criando-se uma pseudo-felcicidade social, onde dificilmente o espectador separa a ficção da realidade, sendo assim, o sistema dominante trata cada qual como gado, um número, um cifrão apenas. 

Segundo José Aloise Bahia A Sociedade do Espetáculo é o próprio espetáculo, a forma mais perversa de ser da sociedade de consumo. Como bem observa José Arbex Jr., no livro Showrnalismo: a notícia como espetáculo (Editora Casa Amarela, São Paulo, 2001): O espetáculo diz Debord consiste na multiplicação de ícones e imagens, principalmente através dos meios de comunicação de massa, mas também dos rituais políticos, religiosos e hábitos de consumo, de tudo aquilo que falta à vida real do homem comum: celebridades, atores, políticos, personalidades, gurus, mensagens publicitárias tudo transmite uma sensação de permanenteaventura,felicidade, grandiosidade e ousadia. (Cf.:www.verdestrigos.org/sitenovo/site/cronica_ver.asp?id=563 Acessado: 31/01/2012)
A sociedade do espetáculo se traduz pela medição de imagens de um sistema desagregador e isolador que proporciona a sensação de solidão e angustia dentro de um coletivo, através de temas reais que são abordados de forma banal nas novelas, por exemplo, levando todos a pensarem de forma conformista em determinada  situação, fazendo-a tranparecer normal e que é impossível nadar contra a maré, incutindo-se assim, uma pseudo-verdade na mente de cada indivíduo ao colocar os seres em total estado de catatonia social com uma falsa liberdade de escolha induzida pelo meios midiáticos.

“Mas o espetáculo não é necessariamente um produto do desenvolvimento técnico do ponto de vista do desenvolvimento  natural. A sociedade do espetáculo é, pelo contrário, uma formulação que escolhe o seu próprio conteúdo técnico. O espetáculo, considerado sob o aspecto restrito dos «meios de comunicação de massa» — sua manifestação superficial mais esmagadora — que aparentemente invade a sociedade como simples instrumentação, está longe da neutralidade, é a instrumentação mais conveniente ao seu automovimento total. As necessidades sociais da época em que se desenvolvem tais técnicas não podem encontrar satisfação senão pela sua mediação. A administração desta sociedade e todo o contato entre os homens já não podem ser exercidos senão por intermédio deste poder de comunicação instantâneo, é por isso que tal «comunicação» é essencialmente unilateral; sua concentração se traduz acumulando nas mãos da administração do sistema existente os meios que lhe permitem prosseguir administrando. A cisão generalizada do espetáculo é inseparável do Estado moderno, a forma geral da cisão na sociedade, o produto da divisão do trabalho social e o órgão da dominação de classe.” (o grifo é nosso) DEBORDY, 2003, pp.15-16
Ainda não obstante, insatisfeitos, estedem suas implicações para as peças teatrais representadas por artistas do horário nobre com a repetição das mesmas piadinhas infames, já vistas anteriormente na TV, satironizando com a cara dos espectadores ali presentes, e, que correspondem com boas gargalhadas. Os “conteúdos” dúbios que nada acrescentam, a não ser ao bolso dos produtores e artistas com o dinheiro que serve de moeda de troca ao ajudar na manutenção do status social desse público que frequenta tais sessões, como também o status quo do atual sistema ao invés de valorizar os artístas e a cultura local. Nesse processo de fetichismo a necessidade de idolatração por parte da sociedade que está sendo “acostumada” a transferir seus anseios e desejos de mudança a um “herói” que tudo fará por elas por intermédio de um processo catártico. Desta forma, cria-se brechas para o “desenvolvimento” de uma sociedade passiva e recatada, que é desistimulada a lutar pelos seus direitos mais elementares.

“(…)A alienação do espectador em proveito do objeto contemplado (que é o resultado da sua própria atividade inconsciente) exprime-se assim: quanto mais ele contempla, menos vive; quanto mais aceita reconhecer-se nas imagens dominantes da necessidade, menos ele compreende a sua própria existência e o seu próprio desejo. A exterioridade do espetáculo em relação ao homem que age aparece nisto, os seus próprios gestos já não são seus, mas de um outro que lhos apresenta. Eis porque o espectador não se sente em casa em parte alguma, porque o espetáculo está em toda a parte.” DEBORDY, 2003, p.19

Em suma, a falta de noção entre o real e a realidade, o concreto e o imaginário, o que é verdade e o que é mentira, ou seja, total alienação, uma vida baseada em aparências, distante do real propósito da convivência  humana.

REFERÊNCIAS

DEBORD, Guy. A Sociedade do Espetáculo. Brasil: eBooksBrasil.com, 2003

BAHIA, José Aloise. A Sociedade do Espetáculo. www.verdestrigos.org/sitenovo/site/cronica_ver.asp?id=563, acessado:31/01/2012. 

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