Esse
artigo busca respostas para uma inquietação relacionada a formação de público
de teatro, não só aqui na cidade de Ilhéus, como também em outros palcos da
vida, procurando desvendar qual o “sucesso de bilheteria” dos artistas das
novelas em contraponto com o fracasso de bilheteria dos espetáculos de artistas
locais ou regionais que retratam muitas questões sociais ligadas diretamente ao
cotidiano.
“A sociedade que
repousa sobre a indústria moderna não é fortuitamente ou superficialmente
espetacular, ela é fundamentalmente espetaculista. No espetáculo da imagem da
economia reinante, o fim não é nada, o desenvolvimento é tudo. O espetáculo não
quer chegar a outra coisa senão a si mesmo.”
DEBORDY, 2003, p.12
Sabendo-se
da grande influência da TV com seus espetáculos imagéticos corrompem o
imaginario da sociedade ao arrebatar o estado de sã conciência de cada invíduo,
furtando-lhes os sonhos e a vontade própria, o real sentido da vida em detrenimento
de uma interpretação ilusória e passiva, promovida pelos veículos de
comunicação de massa, que produzem uma “mercadoria” de facil acesso com
conteúdos alienantes que nada acrescentam a vida das pessoas, criando-se uma
pseudo-felcicidade social, onde dificilmente o espectador separa a ficção da
realidade, sendo assim, o sistema dominante trata cada qual como gado, um
número, um cifrão apenas.
Segundo José Aloise
Bahia A Sociedade do Espetáculo é o próprio espetáculo, a forma mais perversa
de ser da sociedade de consumo. Como bem observa José Arbex Jr., no livro
Showrnalismo: a notícia como espetáculo (Editora Casa Amarela, São Paulo,
2001): O espetáculo diz Debord consiste na multiplicação de ícones e imagens,
principalmente através dos meios de comunicação de massa, mas também dos
rituais políticos, religiosos e hábitos de consumo, de tudo aquilo que falta à
vida real do homem comum: celebridades, atores, políticos, personalidades,
gurus, mensagens publicitárias tudo transmite uma sensação de permanenteaventura,felicidade,
grandiosidade e ousadia. (Cf.:www.verdestrigos.org/sitenovo/site/cronica_ver.asp?id=563 Acessado:
31/01/2012)
A
sociedade do espetáculo se traduz pela medição de imagens de um sistema
desagregador e isolador que proporciona a sensação de solidão e angustia dentro
de um coletivo, através de temas reais que são abordados de forma banal nas
novelas, por exemplo, levando todos a pensarem de forma conformista em
determinada situação, fazendo-a
tranparecer normal e que é impossível nadar contra a maré, incutindo-se assim,
uma pseudo-verdade na mente de cada indivíduo ao colocar os seres em total
estado de catatonia social com uma falsa liberdade de escolha induzida pelo
meios midiáticos.
“Mas o espetáculo não
é necessariamente um produto do desenvolvimento técnico do ponto de vista do
desenvolvimento natural. A sociedade do
espetáculo é, pelo contrário, uma formulação que escolhe o seu próprio conteúdo
técnico. O espetáculo, considerado sob o aspecto restrito dos «meios de
comunicação de massa» — sua manifestação
superficial mais esmagadora — que aparentemente invade a sociedade como simples
instrumentação, está longe da neutralidade, é a instrumentação mais
conveniente ao seu automovimento total. As necessidades sociais da época em que
se desenvolvem tais técnicas não podem encontrar satisfação senão pela sua
mediação. A administração desta sociedade e todo o contato entre os homens já
não podem ser exercidos senão por intermédio deste poder de comunicação
instantâneo, é por isso que tal «comunicação» é essencialmente unilateral; sua
concentração se traduz acumulando nas mãos da administração do sistema
existente os meios que lhe permitem prosseguir administrando. A cisão
generalizada do espetáculo é inseparável do Estado moderno, a forma geral da
cisão na sociedade, o produto da divisão do trabalho social e o órgão da
dominação de classe.” (o grifo é nosso) DEBORDY, 2003, pp.15-16
Ainda
não obstante, insatisfeitos, estedem suas implicações para as peças teatrais
representadas por artistas do horário nobre com a repetição das mesmas
piadinhas infames, já vistas anteriormente na TV, satironizando com a cara dos
espectadores ali presentes, e, que correspondem com boas gargalhadas. Os
“conteúdos” dúbios que nada acrescentam, a não ser ao bolso dos produtores e
artistas com o dinheiro que serve de moeda de troca ao ajudar na manutenção do status social desse público que
frequenta tais sessões, como também o status
quo do atual sistema ao invés de valorizar os artístas e a cultura local.
Nesse processo de fetichismo a necessidade de idolatração por parte da
sociedade que está sendo “acostumada” a transferir seus anseios e desejos de
mudança a um “herói” que tudo fará por elas por intermédio de um processo
catártico. Desta forma, cria-se brechas para o “desenvolvimento” de uma
sociedade passiva e recatada, que é desistimulada a lutar pelos seus direitos
mais elementares.
“(…)A alienação do
espectador em proveito do objeto contemplado (que é o resultado da sua própria
atividade inconsciente) exprime-se assim: quanto mais ele contempla, menos
vive; quanto mais aceita reconhecer-se nas imagens dominantes da necessidade,
menos ele compreende a sua própria existência e o seu próprio desejo. A
exterioridade do espetáculo em relação ao homem que age aparece nisto, os seus
próprios gestos já não são seus, mas de um outro que lhos apresenta. Eis porque
o espectador não se sente em casa em parte alguma, porque o espetáculo está em toda
a parte.” DEBORDY, 2003, p.19
Em suma, a falta de noção entre o real e a realidade, o
concreto e o imaginário, o que é verdade e o que é mentira, ou seja, total
alienação, uma vida baseada em aparências, distante do real propósito da
convivência humana.
REFERÊNCIAS
DEBORD,
Guy. A Sociedade do Espetáculo. Brasil: eBooksBrasil.com, 2003
BAHIA, José
Aloise. A Sociedade do Espetáculo. www.verdestrigos.org/sitenovo/site/cronica_ver.asp?id=563,
acessado:31/01/2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário