Fragmentos da Monografia “Teatro e Educação Ambiental: expectativas renovadoras”

Desta forma pode-se ter uma compreensão multifacetada das
inter-relações que constituem o biocosmos, impossibilitando assim uma só
percepção sobre o modo de pensar e reorganizar o saber.
A especificidade da EA contemporânea é justamente a problematização das
dimensões socioambientais. Vejo através do teatro a possibilidade de torná-las
objeto de análise crítica, podendo-se levantar diferentes pontos de vista numa
mesma situação, buscando múltiplos sentidos para a compreensão dos problemas
ambientais, assumindo uma postura interdisciplinar, estabelecendo conexões
entre as disciplinas, como por exemplo o uso da língua portuguesa que
possibilita o uso de palavras até então não conhecidas pelos participantes, a
biologia que trata sobre a vida, a história que resgata o passado de cada
indivíduo, situando-o no presente e levando-o a refletir sobre o futuro. Nesse
ponto o teatro é o agente aglutinador que permite compreender a complexidade
das inter-relações nas questões socioambientais levantadas durante a aula.
A utilização do teatro como caminho híbrido reconhece o valor do
conhecimento científico da natureza e de suas aplicações tecnológicas,
tornando-os objeto de compreensão crítica. Despertando dessa forma uma grande
expectativa renovadora no ensino da EA, deixando de lado uma posição de
comodismo e parte para um processo que se utiliza de uma linguagem em construção
permanente, sem uma receita pronta, assim como, as respostas que são dadas
pelos alunos durante os jogos teatrais, o que evidencia novos modos de
compreender, ensinar e aprender.
A construção do conhecimento é realizada durante a criação de respostas inesperadas
e plausíveis. Tudo está imbricado nessa grande gama de questões
socioambientais, portanto somente as diferentes visões críticas podem
facilmente construir o conhecimento durante o processo.
O desafio gerado pela complexidade das problematizações ambientais
levantadas durante o processo teatral é que vai servir de contrapartida para
uma busca infindável de novas respostas.
Segundo o sociólogo
Boaventura Souza Santos, os “conhecimentos híbridos” são as várias fontes de
trabalho e pesquisa que na EA são problematizados para a compreensão das
relações socioambientais. A EA crítica seria, portanto, aquela capaz de
transitar entre os múltiplos saberes, sem a superação do prevalecimento do
conhecimento científico, deixando em evidência outras formas de saberes, no
caso desta linha de pesquisa, como agente aglutinador o teatro-educação. Cf.
SANTOS, Boaventura Souza. Um discurso sobre as ciências. In: CARVALHO. Isabel C. de Moura. Educação Ambiental: a formação do sujeito ecológico. São Paulo,
Cortez, 2004, p. 125
Em resumo, uma nova forma de EA deve ter seu conhecimento construído
coletivamente com uma estrutura multidisciplinar, utilizando-se de uma
linguagem interdisciplinar com ações transdisciplinares. Não podendo se ater a
nenhuma área específica do saber. Tendo como alicerce uma sólida proposta
pedagógica que visa à transformação dos indivíduos envolvidos, tornando-os
seres esclarecidos quanto a sua parcela de responsabilidade na manutenção do
planeta.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BLOCH, Marianne N., PELLEGRINI, Anthony D.. The Ecological Context of
Children´s Play. New
Jersey-USA. Ablex Publishing Corporation, 1989.
CARVALHO, Isabel C. de
Moura. Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico. São Paulo,
Cortez Editora, 2004.
MEIR, Admond Bem. Consumo
Sustentável, tradução de “Além do Ano 2000: A Transição para um
Consumo Sustentável” e “Elementos para Políticas em Direção a um Consumo
Sustentável”. 2ª Edição. São Paulo. Secretaria do Meio Ambiente do
Estado de São Paulo, 1998.
OLIVEIRA, Nyelda Rocha
de, WYKROTA, Jordelina Lage Martins. Ciências: Descobrindo o Ambiente.
Vol. 1. Minas Gerais. Formato Editorial Ltda.
RODRIGUES, Robert Alexandre.Teatro
e Educação Ambiental: expectativas renovadoras. São Paulo, 2004. 60 f.
Monografia (Trabalho de
Conclusão de Curso de Licenciatura em Artes Cênicas) – Escola de Comunicações e
Artes, Universidade de São Paulo.
SELANDER, Margareta,
VALDIVIA, Luisa, et alii. Consumo Sustentável: Manual de Educação
Ambiental, adaptação do “Manual de Educación em Consumo Sustentable”.
Brasília. Consumers International/MMA/IDEC, 2002.
TELLES, Marcelo de
Queiroz et alii. Vivências Integradas com o Meio Ambiente. São Paulo. Sá
Editora, 2002.
Nenhum comentário:
Postar um comentário